domingo, 16 de outubro de 2011

natimorto

- alô?

ele fala com voz de sono. pedro ligou no meio da noite. não sabe que horas são. é um domingo, ou já segunda.

- cara, fiz uma merda. uma puta duma merda.

- cacete. o que foi?

pedro conta. ligou, no meio da madrugada, para uma mulher. bêbado, falou arrastado, mas falou coisas bonitas e falou de amor e chegou até mesmo a soltar um convicto "te amo, desculpe as besteiras nos últimos tempos". falou, a voz meio empastada, acordando ela altas horas da noite. e então desligou o telefone celular e continuou andando, rumo a casa. pra acordar no outro dia como se nada tivesse acontecido. na verdade, quase não lembrava e só o registro da chamada no celular é que confirmava o feito. bêbado, muito bêbado, depois de estar desde o almoço nas cervejas com o pessoal do escritório, da merda do escritório.

- tá, você só fez uma declaração de amor. porra. pra quem?

- pra camila.

- pô. não sabia que você tava gostando dela de verdade.

- eu não tô. por isso que eu disse que fiz uma puta duma cagada.

- deixa eu entender bem. você não quer nada com ela, mas ligou e falou que amava ela. por quê?

- não sei. simplemente não sei. talvez eu tenha chegado a realmente amar. durante aqueles poucos segundos em que veio na minha cabeça ligar pra ela e o rápido diálogo que travamos. e então se foi.

- simples assim. inexplicável assim.

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